Núcleo de Dança- UnB
14h as 18h
O
ensaio começou com o aquecimento vocal
guiado pela integrante Aida. Depois Hugo Rodas conduz o aquecimento em
grupo. Realizam exercício círculo,
abraçados. Trabalham a concentração, a respiração em sintonia, o controle
corporal. Realizam exercícios posturais, exploram o encaixe do quadril, joelhos
levemente flexionados. Hugo Rodas conduz só com movimentos sem falar buscando
uma unidade do grupo.
Rodas
conduz para uma atividade em diagonal. O grupo forma uma fila indiana e em
duplas devem seguir em diagonal pela sala explorando gestos de pedintes.
Utilizando os três planos, e as “quatro frentes” (pensar nas diagonais).
Depois na mesmas estrutura as
duplas devem marcar o ritmo e fazer uma “foto” (Congelar por um tempo no
movimento).
Rodas orienta para explorarem
várias formas de pedir, e vários pedidos diferentes, pensar nas intenções de
pedir dinheiro, comida, trabalho...
Também direciona que o olhar não
deve ser para Deus, pedir para os olhares que estão disponíveis.
Na próxima rodada do exercício
Rodas sugere que peçam com maldade, com olhar de enfrentamento.
Como direcionamentos gerais ele
menciona para: buscarem gestos diferentes, para não repetirem os mesmos
movimentos. Para confiarem nos braços em diagonais inversas e o peito para
cima.
Outra
variação da atividade foi seguir na diagonal marcando o ritmo e a cada tempo
fazer uma “foto”. Isso sem interpretar, trabalhando o espírito da cena.
Na próxima variação devem seguir
em trio, no formato de triangulo. Devem buscar sincronia e na ida devem seguir
marcando o tempo e fazendo uma foto por tempo, chegando devem congelar juntos e
voltarem juntos. Na volta devem seguir também fazendo as fotos, mas com o ritmo
dobrado. Depois em cada foto os integrantes também deveriam gritar.
Nesse exercício em trio deveriam
buscar a sintonia nas poses- fotos-, nos gritos e nos movimentos. Devem ser
três pessoas em acordo. Seguindo com o mesmo objetivo para o mesmo lugar.
Rodas
orienta para pensarem em três ladroes confabulando e “não interpretem muito,
preocupem mais com o gesto”. O diretor
também ressalta a importância de se olharem para confabularem e que devem
“ser”.
Retornam para atividade em
diagonal, fazem a “operação tatu” só no plano baixo, só no solo.
No próximo exercício Rodas reúne
todo o grupo em um bloco, e juntos devem avançar e recuar pela sala. Nesse
exercício trabalharam como se movimentarem em grupo, o cuidado com o espaço, o
equilíbrio e troca de peso e o cuidado com o outro na movimentação.
Rodas destaca que Tempo + Gesto =
Interpretação.
Seguir o tempo e a ideia de estar
com o outro é a interpretação. A tensão deve ser mantida até o fim, não deve
perdê-la antes.
Ainda durante os exercícios
percorrendo a diagonal da sala, Rodas trabalha com o grupo o deslocamento em
plano baixo. Os integrantes devem buscar diferentes formas de se deslocarem
pelo solo.
Para a próxima atividade o
diretor indica ao grupo que os integrantes do coro devem ir para o fundo da
sala. E em sincronia o grupo deve caminhar
e a cada passo fazer um gesto e congelar por um tempo, e seguir andando,
criando um ritmo contínuo. Depois o mesmo exercício só que o grupo deve estar
mais unido, criando um só corpo. Na atividade o grupo deve caminhar junto,
parar junto, e seguir junto e voltar. O
grupo deve ser uma massa, devem se movimentar juntos, organicamente, com apoios
firmes para não desequilibrarem. As pernas, braços e mãos devem ser movidos no
mesmo momento. Devem explorar variações nos gestos. Rodas considera que não se
deve repetir os mesmo movimentos.
A próxima indicação é que o gesto a ser
realizado seja de pedinte com diversas variações entre elas a de “pegar senha
no hospital público” e “pedindo comida”,
sempre com o referencial que são pessoas pobres. Outra variação é o
grupo caminhar unido em câmera lenta.
O ensaio segue para a passagem de
cena. Começa da primeira cena se segue pelo que já foi trabalho. A parte final do texto da cena 3 ainda é
modificado.
Rodas retoma o trabalho com a
música do recrutamento que corresponde a cena 4. O diretor propõe mudanças para
que o rap seja cantado de forma mais soletrada, o que início seja mais
acelerado e que o terceiro recruta tenha mais texto.
Para David ele considera que deve
ter a postura de “Miss Brasil” e é amado por todos.
Com primeiro a ser recrutado são
trabalhos seus movimentos condizentes com a sua fala e no ritmo da música. Para
o personagem o diretor enfatiza que deve possuir todos os vícios. Enquanto o
segundo recruta é mentirosos, e deve explorar ao máximo essas características,
Rodas sugere aproximações com o estilo de “novela mexicana” e o exagero.
São experimentados ecos das falas
finais de David pelo coro.
Na parte final da música, que
David deve cantar, Rodas direciona para que seja um discurso alegre, e com ar
de revolução. Para ser inspirado no discurso de Collor, sempre sorrindo e
confiante. E os trechos “que venha”, devem ser valorizados. Quando falar em “uivar para a lua”, o coro
deve uivar.
A cena repetida várias vezes. Em
outro momento o foco é ajustar o novo texto do 3 recruta no tempo da música. No
próprio ensaio Marcus Mota já propõe mudanças na letra da música para
adequá-la.
Na parte final, depois do
discurso de David o coro retoma e cantam juntos a última frase: “vocês são
meus, vocês são os homens de David.” (4X) E no final um grito de celebração:
ÉÉÉÉH!
Em seguida são repassadas
novamente todas as cenas anteriores, mais o que foi construído da cena 4.
Nisso Rodas observa
possibilidades para a transição da cena 3 para 4. Sugere que as luzes sejam
apagas, que se retire o caixão e coloque
a cadeira de David, todos se arrumam nas devidas posições e solte a música.
O ensaio segue para o trabalho da
próxima cena, com a música do funk.
De acordo com o roteiro inicial
de Marcus Mota, a cena 5 consistia em:
5- CONJUNTO DE PERFORMANCES COM
OS PEQUENOS CRIMES DE DAVID, CANTADOS E DANÇADOS EM CENA. CENA FUNK.
Barbárie. (músicos gritam nos riffs e
gritam)
MALFEITORES
Eu quero louvar as coragens de’um
homem
que trouxe a alegria de volta pra
nós
não sei se consigo, preciso mais
voz
pois fiquem comigo, não me
abandonem,
que antes de tudo vivia com fome
agora, minha gente, não falta
mais pão
comemos, bebemos por toda a
região
ferida que sangra não dói nessa
pele
nem temos vergonha que o mal se
revele
e tudo por causa do rei capitão.
Verdade, verdade me deixem
mostrar
que ontem de noite eu mesmo vivi
cercamos a vila que fica ali
atrás da montanha, mas longe do
mar.
De noite atacamos, o medo no ar,
pra nossa supresa de armas na mão
lutavam crianças, os mortos no
chão,
os pais já carniça de lutas
passadas
já mortos bem mortos por nossas
espadas
e tudo por causa do rei capitão.
Pior que invadir essa mesma aldeia
eu lembro foi ter que matar umas
cabras
que tanto berravam, baliam,
fanfarra
diante do fogo em mil labaredas
carpindo as casas e as gentes,
platéia,
queimavam caladas sem dor e
ilusão,
as gentes sem alma e os bichos
então
pulavam, corriam, queriam morder,
as cabras, loucura, vendo a carne
arder.
E tudo por causa do rei capitão.
As cabras, crianças, os mortos
parentes
é coisa pequena diante do fato
um dia chegamos às margens de um
lago
as águas tão vivas brilhavam tão
quentes
mulheres boiavam azul reluzente
mulheres nas águas azuis sem
paixão
os olhos vazios, sacrifício obscuro
mulheres fugindo, o medo do
estupro,
e tudo por causa do rei capitão.
Chegamos enfim ,ao extremo da
luta
ninguém mais nos causa temor ou
cansaço
pois somos mais fortes, mais
duros que o aço
que corta gargantas, dos fracos
abusa,
por isso trazemos as mãos sempre
sujas
o sangue dos outros é nossas canção
a morte alheia a agitar coração
em cada miséria que vemos em
chamas
ressoa a alegria da voz que
comanda
verdade mentira o rei capitão
O grupo segue a rotina de sempre que uma nova canção
será trabalhada o grupo primeiro escuta a gravação da música e depois treina.
Diante da letra, Hugo Rodas propõe que também sejam incluídas questões mais
atuais como: “arrombar banco, sequestros, e falas como “me dê 10%- preciso de
grana para comer”.
Os encaminhamentos para o próximo ensaio são:
·
Rever
a letra do funk.
·
Finalizar
a cena 4. Sugestões, que as travestis venham para a frente, e façam danças
sensuais. E no final todos teriam armas nos bolsos e começariam a próxima
música, a cena 5.
·
Investigar
a possibilidade das travestis buscarem bules de café para fazerem a coleta, e
entregar para todos do coro.